Notícias B

COP29: meta de financiamento climático aprovada em Baku decepciona

Representantes do Sul Global consideram a nova meta de financiamento climático prejudicial aos países em desenvolvimento. “US$ 300 bilhões até 2035 é uma piada”, protesta delegada nigeriana Nkiruka Maduekwe

A principal conferência mundial do clima terminou de maneira decepcionante para quem esperava ambição climática. A nova meta de financiamento climático aprovada no apagar das luzes na COP29 prevê a destinação de US$ 300 bilhões por ano até 2035 para financiar a ação climática nos países em desenvolvimento.

Ainda que tenha sido aplaudida por parte do plenário, a decisão gerou indignação entre os representantes de países em desenvolvimento, que consideraram o montante insuficiente e a responsabilidade dos países ricos, diluída. 

O texto final também não coloca os países desenvolvidos como responsáveis principais, mas sim como “na dianteira” dos esforços, sem determinar que o financiamento seja exclusivamente público. Essa ambiguidade abre espaço para que fontes de financiamento sejam diluídas e inclui mecanismos de empréstimos, o que aumenta o risco de endividamento para as nações mais vulneráveis.

Além disso, o acordo menciona a meta de US$ 1,3 trilhão anuais – cifra mínima cobrada pelos países em desenvolvimento –, mas apenas como um horizonte, não um compromisso vinculante. A ausência de clareza sobre como esse esforço será mobilizado foi duramente criticada por representantes da sociedade civil e por delegados de países como Cuba, Nigéria e Índia.

Reações e críticas ao acordo

A falta de comprometimento dos países desenvolvidos em financiar de forma justa a transição climática foi motivo de crítica. “Os US$ 300 bilhões aprovados hoje são menos, em termos reais, do que os US$ 100 bilhões prometidos em 2019”, afirmou o embaixador cubano Pedro Luis Pedroso.

A inclusão de empréstimos no pacote também foi vista como um retrocesso, agravando o desequilíbrio entre o Norte e o Sul Global. 

Por outro lado, Ani Dasgupta, Presidente e CEO do World Resources Institute (WRI), destacou que o acordo, embora insuficiente, representa um ponto de partida para um futuro mais seguro e equitativo.

“O acordo reconhece que é crucial que os países vulneráveis tenham melhor acesso a financiamento e não sejam sobrecarregados com dívidas insustentáveis. Agora, começa a corrida para aumentar significativamente o financiamento climático, mobilizando todo o sistema financeiro para apoiar a transição dos países em desenvolvimento”, afirmou.

Ainda assim, o CEO da WRI também reconhece os riscos apontados pelos governantes do Sul Global. “Os países mais pobres e vulneráveis têm razão em se decepcionar com o fato de os países mais ricos não terem colocado mais dinheiro na mesa neste momento em que a vida de bilhões de pessoas está em risco”.

A ministra brasileira Marina Silva descreveu a COP29 como “uma experiência difícil” e ressaltou os desafios que o Brasil enfrentará ao sediar a COP30 em Belém, em 2025.

Segundo ela, será necessário alinhar compromissos climáticos mais ambiciosos, incluindo financiamento adequado, para cumprir as metas do Acordo de Paris. A expectativa é que a próxima conferência corrija as lacunas deixadas por Baku e avance na manutenção da meta de 1,5ºC.

→ O texto completo da Meta de Financiamento Climático aprovada em Baku está disponível na íntegra, em inglês, aqui.

Leia também: Regras sobre mercado de carbono são aprovadas às pressas na COP29


Conheça a nossa plataforma de curadoria e treinamento B2B sobre impacto, ESG e regeneração

Farol da Economia Regenerativa é uma solução de curadoria de conteúdo sobre ESG, sustentabilidade, impacto e regeneração. Funciona como um programa de aprendizado contínuo e é planejado sob medida para sua equipe e organização.

O Farol oferece palestras, treinamentos, notícias, tendências, insights, coberturas internacionais e uma curadoria exclusiva para a sua organização e seu time navegarem pelos temas mais urgentes da nossa era. Conheça o Farol e entre em contato para agendarmos uma conversa.

AddThis Website Tools
Deixe um comentário
Compartilhe
Publicado por
Redação A Economia B

Posts recentes

  • Cobertura internacional

Do Panamá à Tanzânia: 11 soluções para proteger a biodiversidade

Da regeneração de florestas ao uso de abelhas como sensores ambientais, iniciativas globais mostram que…

junho 2, 2025
  • ESG

A ética, a circularidade e os saberes ancestrais como ferramentas para construir o futuro

Especialistas e empreendedores debatem como unir impacto socioambiental, ética e viabilidade econômica, e compartilham histórias…

maio 28, 2025
  • ESG

Circularidade global atinge novo ponto crítico e reforça urgência de mudança sistêmica

Circularity Gap Report 2025 revela queda na taxa de reciclagem e defende transformação estrutural nas…

maio 26, 2025
  • Inovação

Aplicativo Oilwell satiriza o bem-estar vendido por agências que lucram com a crise climática

Oilwell questiona o papel de empresas que promovem bem-estar e sustentabilidade enquanto servem aos interesses…

maio 22, 2025
  • ESG
  • Inovação
  • Tendências

Obesidade infantil leva rede de supermercados a mudar embalagens de alimentos na Espanha

Mudanças incluem a eliminação de cores chamativas e de personagens voltados ao público infantil de…

maio 21, 2025
  • Cobertura internacional
  • ODS

12 soluções para construir cidades resilientes, vivas e regenerativas

Habitação acessível, infraestrutura verde, circularidade e dados inteligentes: conheça 12 soluções para cidades que podem…

maio 20, 2025