Foto: A Economia B
Lideranças da COP21 e da COP30 se reuniram no ChangeNOW para fazer um balanço da década climática e cobrar ação real dos grandes emissores. A palavra de ordem? “Implemente, baby, implemente”
Em 2025, o Acordo de Paris, que nasceu durante a COP21, completa dez anos. Essa foi a primeira vez que os quase 200 países membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) se comprometeram conjuntamente com um tratado climático para limitar o aquecimento global a bem menos de 2 °C, com esforços para mantê-lo em 1,5 °C.
O primeiro painel do palco principal do ChangeNOW 2025, que aconteceu entre os dias 24 e 26 de abril na capital francesa, debateu avanços e retrocessos desde então.
Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda, ex-Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos e uma das principais vozes globais em justiça climática, acrescentou que a mobilização por justiça climática também foi fundamental no processo de viabilização do Acordo. Ela destacou o papel da sociedade civil, dos jovens, das comunidades indígenas e de líderes como Tony de Brum, das Ilhas Marshall, como essenciais para o avanço das negociações.
“O objetivo era inserir 1,5°C no texto – e conseguimos. O relatório do IPCC de 2018 mostrou que há uma diferença enorme entre 1,5°C e 2°C. A crise é real, mas por que os políticos não agem como se estivessem em modo de crise? Temos os recursos. Falta vontade política e realocação de subsídios”, criticou.
Christiana Figueres da UNFCCC (à esquerda), Secretário-Geral Ban Ki-moon (segundo à esquerda), Ministro das Relações Exteriores da França Laurent Fabius e Presidente da Conferência da ONU sobre Mudança do Clima em Paris (COP21), e o Presidente François Hollande da França (à direita), celebram a adoção histórica do Acordo de Paris.
Por outro lado, ela destacou que a velocidade das mudanças climáticas foi subestimada. “A ciência previa impactos para 2035, mas eles chegaram em 2025. Precisamos acelerar. Não dá mais para delegar apenas aos governos. Todos – setor privado, pessoas, governos – devem agir juntos. É preciso uma mobilização coletiva, um mutirão”.
Em um debate sobre o que o mundo precisa fazer para avançar na ação climática, Mary Robinson criticou o formato atual das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que coloca países em desenvolvimento e países desenvolvidos sob o mesmo tipo de obrigação, sem garantir o apoio financeiro necessário à transição climática dos países mais vulneráveis. “Sem dinheiro em forma de doação, não haverá transição justa”, avaliou.
Ainda nesse contexto, Laurent Fabius comentou que saber o que é preciso fazer não é o suficiente. “Sabemos da meta de 1,5°C, sabemos o que são as NDCs, sabemos da necessidade de financiamento climático. Agora é hora de agir e fiscalizar”, apontou. Além disso, inspirou-se em um infame trocadilho de Donald Trump para apontar o caminho: “implemente, baby, implemente”.
Laurent ainda defendeu a criação de uma nova estrutura internacional para monitorar o cumprimento das promessas climáticas. “Precisamos de algum tipo de instituição encarregada de verificar se os governos estão realmente implementando o que prometeram. É isso que vai fazer a diferença”, afirmou.
Leia também:
COP29: meta de financiamento climático aprovada em Baku decepciona
Para Ana Toni, enfrentar os desafios climáticos da próxima década exige ação imediata e coordenada de toda a sociedade. “As soluções existem. O financiamento também. O que falta é pressão suficiente para que governos, setor privado e cidadãos tomem decisões à altura da emergência”, enfatizou.
Ela também chamou atenção para um ponto frequentemente ignorado: o consumo. “Falamos em sair dos combustíveis fósseis, mas a demanda por eles só cresce. Se não refletirmos seriamente sobre como reduzir o consumo, não alcançaremos as transformações necessárias. Precisamos ampliar nosso olhar e agir com mais profundidade”, concluiu.
Descubra como ações individuais podem ganhar escala e transformar a maneira como comemos, viajamos, compramos…
Convidamos um time de especialistas que esteve no ChangeNOW 2025, em Paris, para um bate-papo…
Da regeneração de florestas ao uso de abelhas como sensores ambientais, iniciativas globais mostram que…
Especialistas e empreendedores debatem como unir impacto socioambiental, ética e viabilidade econômica, e compartilham histórias…
Circularity Gap Report 2025 revela queda na taxa de reciclagem e defende transformação estrutural nas…
Oilwell questiona o papel de empresas que promovem bem-estar e sustentabilidade enquanto servem aos interesses…
Este site utiliza cookies.
Ver Comentários