ESG

Emissões do setor de edificações estagnam pela primeira vez desde 2020

Relatório da ONU revela que, apesar dos avanços, setor de edificações ainda é um dos maiores emissores de CO₂, e investimento em eficiência energética precisa dobrar até 2030

Uma pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Aliança Global para Edificações e Construção (GlobalABC) revelou que, pela primeira vez desde 2020, as emissões do setor de edificações pararam de crescer.

O relatório Global Status Report for Buildings and Construction 2024-2025 – Not just another brick in the wall destaca avanços como a adoção de códigos de eficiência energética e o aumento do uso de energias renováveis, mas alerta que o ritmo das mudanças ainda é insuficiente para atingir as metas climáticas globais. 

O título do estudo – “Not just another brick in the wall”, ou “não é apenas mais um tijolo no muro” – faz referência à música do Pink Floyd, que critica sistemas que tratam pessoas como peças substituíveis, e é usado aqui com um propósito semelhante: o setor de edificações não pode continuar reproduzindo um modelo impessoal e insustentável, que empilha construções sem considerar seus impactos climáticos.

A boa notícia é que as soluções para cortar emissões e ampliar a resiliência já existem; ampliá-las será essencial para transformar o setor em protagonista da transição climática.

Principais descobertas

Segundo o estudo, desde 2015, a intensidade energética do setor de edificações caiu 9,5% – mas segue abaixo da meta de 18,2%. Por outro lado, as emissões operacionais de CO₂ aumentaram 5,4%, contrariando a redução necessária de 28,1%.

Apesar do progresso, o setor continua sendo um dos maiores emissores de CO₂, consumindo 32% da energia global e contribuindo com 34% das emissões. Materiais como cimento e aço são responsáveis por 18% desse impacto, e a implementação de padrões mais rígidos de eficiência energética tem diminuído em alguns países. 

O relatório também aponta que apenas 19 países possuem estratégias detalhadas para o setor em seus planos climáticos e apenas dois implementaram códigos de construção alinhados aos padrões de edificações de emissão zero. 

Para reverter esse cenário, o estudo recomenda que os países mais emissores adotem códigos obrigatórios para edifícios de emissões zero até 2028 e que todos os demais façam o mesmo até 2035.

Investimento, circularidade e o papel das soluções já disponíveis

Para acelerar a descarbonização, o PNUMA defende o aumento dos investimentos globais em eficiência energética, que devem mais que dobrar até 2030, passando de 270 bilhões para 522 bilhões de dólares. Atualmente, apenas 4% dos investimentos globais em construção são direcionados a projetos sustentáveis. 

Além disso, de acordo com a análise, práticas de construção circular, como o uso de materiais reciclados – que já representam 18% dos insumos na construção europeia –, e a ampliação do uso de energias renováveis são essenciais.

Ou seja, estagnar as emissões foi um passo importante, mas está longe de ser suficiente. Para que o setor de edificações deixe de ser parte do problema climático, será preciso romper com o modelo atual e adotar novas formas de construir. Não se trata de construir mais. Trata-se de construir diferente.

Leia também:
Como reduzir a demanda energética na Indústria, Construção e Transporte


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Redação A Economia B

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