ESG

Metas climáticas ganham força entre grandes corporações, mas falta clareza

30% das maiores empresas emissores possuem metas climáticas, mas estratégias para atingi-las ainda não são plenamente claras

Uma nova análise do Transition Pathway Initiative (TPI), vinculada à London School of Economics, revelou que 30% das maiores empresas emissoras de carbono possuem metas climáticas de longo prazo alinhadas com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C até 2050. Em 2020, a proporção de empresas com essas metas era de 7%, o que demonstra um avanço. Porém, a falta de metas intermediárias e estratégias detalhadas põe em xeque a credibilidade desses objetivos.

Ao analisar o desempenho de emissões de carbono e a qualidade da gestão de 409 grandes empresas globais, o relatório “State of Transition 2024” identificou que:

  • Entre os setores mais alinhados com a meta de 1,5°C estão: mineração diversificada (50%), aço (46%) e eletricidade (41%).
  • Por outro lado, setores como alimentos (8%) e petróleo e gás (6%) estão entre os menos comprometidos.
  • Empresas europeias, australianas e japonesas lideram em metas climáticas, enquanto a China e outras regiões asiáticas apresentam maiores deficiências (82% das empresas chinesas não estão alinhadas ou carecem de divulgação adequada de informações relevantes).

Em termos de gestão dos riscos climáticos, a maioria das empresas opera no Nível 3, o que significa que reconhecem o risco e já estabeleceram algumas metas de redução de emissões. Contudo, nenhuma empresa atingiu o Nível 5 (que implica ter um plano detalhado de transição para alinhar suas operações com metas de descarbonização) até o momento.

Esses níveis são definidos com base em 23 indicadores que variam do Nível 0 “desconhecido” ao Nível 5 “planejamento de transição”.

Os autores do relatório destacam que o desempenho de carbono e a qualidade da gestão são complementares, refletindo diferentes aspectos dos esforços de descarbonização.

Empresas de países de alta renda tendem a ter melhor desempenho em ambas as áreas, em parte devido a regulamentações mais rigorosas e maior disponibilidade de recursos. Inclusive, o relatório também integrou dados com a ferramenta de Avaliação de Oportunidades e Riscos Climáticos Relacionados a Soberanos (ASCOR), adicionando uma dimensão regulatória e regional à análise.

Avaliações dos especialistas

Simon Dietz, diretor de pesquisa do TPI Centre, destaca que o relatório oferece aos investidores uma visão detalhada sobre os planos das empresas para zerar emissões. Ele alerta, porém, que as nuances regionais devem ser consideradas para evitar a retirada de capital de mercados emergentes.

David Russell, Presidente do Transition Pathway Initiative, avalia que a análise mostra que muitas empresas em setores de alta emissão estão falhando em implementar processos e metas de transição adequados e que existe uma interdependência clara entre a política climática local e os estados de transição das empresas.

“Portanto, os investidores precisam redobrar seus esforços para engajar tanto com empresas quanto com formuladores de políticas para encorajar respostas apropriadas e urgentes ao risco sistêmico que a mudança climática representa”, conclui.

A verdade é que quando metas climáticas de longo prazo não são acompanhadas por planos concretos e ações intermediárias, o risco de greenwashing persiste.
Sem maior transparência e compromisso, muitas dessas promessas podem acabar sendo pouco mais do que marketing.

Para além dos números, o verdadeiro desafio reside em transformar boas intenções em impactos reais e mensuráveis.

→ O relatório na íntegra, em inglês, está disponível aqui.


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Redação A Economia B

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