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O relatório Lacuna de Emissões 2024 e os três caminhos para o clima

Novo estudo da ONU alerta que a manutenção de políticas atuais levará o aumento da temperatura a 3,1°C até o fim do século, trazendo à tona o pior das mudanças climáticas. A entidade reforça a necessidade urgente de corte nas emissões para evitar (mais) catástrofes ambientais

Imagine três cenários:

No primeiro, vencemos a batalha climática e limitamos o aquecimento global a 1,5°C. Com esforços coletivos, aumentamos as ambições climáticas e reduzimos as emissões em 42% até 2030, investindo em energias limpas e protegendo a natureza. Nesse futuro, as pessoas vivem em equilíbrio com o meio ambiente.

No segundo cenário, sobrevivemos com dificuldade, limitando o aquecimento a 2°C. Reduzimos as emissões em 28%, mas enfrentamos ondas de calor, enchentes e o aumento do nível do mar. Apesar dos avanços em energias renováveis, o impacto não foi suficiente, e precisamos nos adaptar constantemente, muitas vezes a um custo elevado.

No terceiro cenário, fracassamos. O aquecimento ultrapassa 2,6°C, e as emissões continuam crescendo. Enfrentamos temperaturas extremas, ecossistemas colapsam e o custo de reverter os danos se torna inviável.

As três hipóteses são apresentadas em um vídeo divulgado pela ONU em que fica muito claro o que o futuro nos reserva caso os esforços para reverter a crise climática não sejam intensificados.

Mas a caminho de qual cenário estamos?

De acordo com o relatório Lacuna de Emissões 2024 – Chega de calor… por favor, recém-lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), sem mudanças significativas nas políticas climáticas, o aumento global de temperatura pode chegar a 3,1°C até o final do século. 

“Estamos num momento decisivo para a crise climática. Precisamos de uma mobilização global em escala e ritmo nunca antes vistos – começando agora mesmo, antes da próxima rodada de promessas climáticas – ou a meta de 1,5°C logo estará morta e 2°C ocupará seu lugar na unidade de terapia intensiva.”
Inger Andersen, Diretora Executiva do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o meio ambiente)

O estudo recomenda uma redução de 42% das emissões anuais de gases do efeito estufa até 2030 e de 57% até 2035 para manter viva a meta de 1,5°C, definida no Acordo de Paris, em 2015. 

Neste sentido, o relatório destaca a importância dos novos planos nacionais de ação climática – as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) –, que serão apresentados antes da COP30, que acontecerá em 2025, no Brasil. 

As metas de redução das próximas NDCs devem coletivamente prometer – e entregar – cortes sem precedentes nas emissões de gases de efeito estufa até 2030 e 2035 porque as atuais são capazes de limitar o aumento da temperatura a apenas 2,6-2,8°C. 

Dá para ter esperança?

Apesar dos alertas preocupantes, o relatório afirma que o caminho para limitar o aquecimento global a 1,5°C ainda é tecnicamente possível.

Segundo o documento, a implementação de tecnologias solares fotovoltaicas e de energia eólica poderia proporcionar 27% do potencial de redução de emissões até 2030 e 38% até 2035. Além disso, o texto também indica que as florestas poderiam concretizar cerca de 20% deste potencial em ambos os anos. 

Com a COP29 se aproximando (o evento acontece em novembro, no Azerbaijão), a expectativa é que maneiras efetivas de acelerar a transição para energias renováveis e frear o desmatamento estejam em pauta nos debates e que contribuam para a elaboração de metas climáticas realmente transformadoras. 

→ O Emissions Gap Report 2024 na íntegra, em inglês, está disponível aqui.

Leia também: O que acontece quando energia solar e energia humana se somam


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Redação A Economia B

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