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Quase 600 mil moradias no Rio de Janeiro estão em áreas de alta vulnerabilidade a chuvas extremas

Projeto Rio 60ºC combina dados socioeconômicos e ambientais para identificar os pontos mais críticos da cidade e propor medidas práticas para mitigar os impactos das chuvas

As enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul em abril e maio de 2024 despertaram um alerta nacional e levantaram uma série de questionamentos sobre a capacidade das cidades brasileiras de lidar com eventos climáticos extremos. 

A tragédia, que deixou mais de 170 mortos, milhares de desabrigados e evidenciou falhas estruturais e de planejamento, evidenciou a urgência de se compreender quais municípios estão mais vulneráveis às mudanças climáticas e de implementar medidas efetivas de adaptação urbana e mitigação dos riscos climáticos.

Foi nesse contexto que surgiu o projeto Rio 60ºC – Como a cidade se prepara para eventos climáticos extremos, voltado para investigar os desafios enfrentados pela cidade do Rio de Janeiro diante de chuvas cada vez mais intensas e frequentes.

A iniciativa, desenvolvida pela Ambiental Media em parceria com o grupo de pesquisa RioNowcast+Green, do Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (IC/UFF), combinou jornalismo investigativo com modelagem climática e entrevistas com moradores, cientistas e gestores públicos. Um dos principais resultados foi a criação do Índice de Vulnerabilidade a Chuvas Extremas (IVCE-RJ). 

Metodologia e principais descobertas

O IVCE-RJ cruza dados socioeconômicos com informações sobre risco geológico usando fontes como o IBGE, o Instituto Pereira Passos e o Serviço Geológico do Brasil. A análise foi feita a partir da sobreposição digital de camadas de vulnerabilidade socioeconômica e suscetibilidade ambiental, resultando em um mapa interativo que permite identificar os pontos mais críticos da cidade.

Segundo o IVCE-RJ, cerca de 599 mil domicílios no Rio de Janeiro (21%) estão localizados em áreas de alta vulnerabilidade a deslizamentos e inundações. Desse total, 142 mil se encontram em nível muito alto de vulnerabilidade. Regiões como Rocinha, Pavão-Pavãozinho, Cantagalo, Acari e Rio das Pedras estão entre as mais expostas.

Para deslizamentos, são 70 mil moradias em alta vulnerabilidade, das quais 9,7 mil em muito alta. Para inundações, 530 mil em alta, sendo 132 mil em muito alta.

Entre os bairros com maior número de residências em vulnerabilidade muito alta a inundações estão Santa Cruz (14,4 mil), Guaratiba (9,1 mil), Campo Grande (7,7 mil), Maré (7,4 mil) e Sepetiba (5,2 mil).

No caso dos deslizamentos, destacam-se Rocinha (1,4 mil), Copacabana (1 mil), Penha (795), Tauá (778) e Mangueira (765). Em algumas dessas regiões, como Rocinha e Pavão-Pavãozinho, mais da metade das moradias está em áreas de alta vulnerabilidade.

Como evitar tragédias causadas por chuvas extremas

Além do diagnóstico, o projeto Rio 60ºC propõe dez medidas práticas para evitar tragédias causadas por chuvas extremas, entre as quais estão:

  • Sirenes de alerta e rotas de fuga – Devem ser instaladas e sinalizadas principalmente em áreas de risco de deslizamento de terra;
  • Arborização e drenagem das águas – Conceitos como infraestrutura verde, soluções baseadas na natureza e cidades-esponja sugerem novas formas de lidar com as chuvas;
  • Treinamentos, simulações e campanhas de conscientização – As comunidades precisam estar envolvidas em todas as etapas de preparação, resposta e recuperação a desastres;
  • Estações meteorológicas e pluviômetros – Quanto melhor distribuídas são as estações pela cidade, mais precisos são os sistemas de alerta precoce;
  • Pontos de apoio para chuvas fortes – Podem ser escolas, associações de moradores, igrejas ou quadras cobertas, e precisam estar bem sinalizados.

–> Veja a lista completa aqui.

Para saber mais e navegar pelos mapas interativos, acesse rio60.ambiental.media.

Leia também:
Uma em cada cinco cidades enfrenta variações bruscas entre secas e enchentes, alerta relatório


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Redação A Economia B

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