Inovação

E se os animais fossem os financiadores da preservação ambiental?

Startup desenvolve sistema de “dinheiro interespécies”, que permite que gorilas paguem por sua própria conservação em Ruanda

Em “Tehanu”, quarto livro da série Terramar, de Ursula K. Le Guin, existe um sistema mágico em que cada ser e elemento possui um “nome verdadeiro” – uma palavra antiga e secreta que revela sua essência mais profunda e possibilita sua transformação.

Tehanu, que também é o nome de uma estrela brilhante nesse universo fictício, simboliza renovação e a capacidade de ver o mundo de uma nova maneira. Hoje, fora das páginas da ficção, esse mesmo nome emerge em um contexto igualmente transformador: o da tecnologia aplicada à preservação ambiental.

Da ficção à realidade

A degradação ambiental sofrida nos últimos anos se deve, em grande parte, à negligência e ganância do ser humano. Décadas de poluição, desmatamento e superexploração dos recursos naturais mostram não apenas o descaso da humanidade, como também indicam que, se continuarmos assim, teremos, mais cedo do que gostaríamos, um planeta incapaz de sustentar a vida.

Já que, enquanto principais responsáveis pela preservação ambiental não temos realizado um bom trabalho, o que aconteceria se dividíssemos essa responsabilidade com outras mãos, ou melhor, patas?

A empresa de tecnologia Tehanu criou um conceito inovador chamado “dinheiro interespécies”, que permite que animais “financiem” ações voltadas à sua própria conservação e ao fortalecimento da biodiversidade, tornando-os “protagonistas” de seu futuro.

Como funciona

O projeto-piloto envolve uma família de 19 gorilas-das-montanhas em Ruanda e combina reconhecimento facial, análise de DNA, câmeras e monitoramento por guardas florestais para acompanhar cada animal. 

Quando o sistema identifica uma necessidade – como a presença de uma armadilha ou a necessidade de tratamento veterinário – um alerta é enviado pela plataforma. Trabalhadores locais cadastrados podem aceitar a tarefa e, após sua conclusão e verificação, recebem o pagamento automaticamente via sistema de pagamento móvel MTN MoMo, comum em Ruanda.

Até o fim deste ano, a empresa planeja expandir o sistema para todos os gorilas do país e iniciar um projeto similar com o morcego-frugívoro-de-palha, importante para a dispersão de sementes na África Central.

Com o dinheiro interespécies, a Tehanu busca tornar os recursos de conservação mais transparentes, eficazes e geradores de empregos sustentáveis, promovendo um impacto positivo tanto para os animais quanto para os ecossistemas.

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Redação A Economia B

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