Inovação

Startup etíope transforma lixo plástico em materiais de construção

Tijolos, colunas e vigas criados pela Kubik emitem cinco vezes menos CO2 que os tradicionais e são mais resistentes e baratos, facilitando a construção de moradias acessíveis no Quênia e na Etiópia

Mais de 300 milhões de toneladas de lixo plástico são produzidas em todo o planeta anualmente, o que contribui para o agravamento da crise climática (uma vez que a maior parte do plástico produzido no mundo ainda é feito a partir de combustíveis fósseis). 

E as previsões futuras não são das melhores. Até 2060, estima-se que a geração global de resíduos plásticos quadruplique, ultrapassando 1 bilhão de toneladas, com os países desenvolvidos liderando a produção por pessoa. 

Mas o plástico, sozinho, não é o culpado de todos os males do planeta. Há uma série de outros personagens que contribuem para que o filme da vida real não esteja lá muito agradável de assistir (e viver). O cimento, por exemplo, também desempenha um dos papéis de “bad guy”.

Mais de 4,1 bilhões de toneladas de cimento são produzidas todos os anos, gerando 3,6 bilhões de toneladas de emissões de CO2. Ou seja, 8% das emissões globais de CO2 caem na conta desse insumo, que é uma das bases de um dos setores mais importantes do mundo: a construção. 

Para você ter uma ideia, isso é mais do que as emissões da aviação (1,9%), petróleo e gás natural (3,9%), carvão (1,9%), produtos químicos e petroquímicos (3,6%).

A startup Kubik, da Etiópia, desenvolveu uma solução que não apenas ajuda a aumentar o índice de reciclagem de lixo plástico, como o transforma em matéria-prima para a construção de moradias acessíveis e que não são dependentes de cimento.

Com operações no Quênia e na Etiópia, a Kubik remove cerca de 45 mil quilos de resíduos plásticos de aterros sanitários por dia e os utiliza para fabricar materiais de construção (como tijolos, colunas e vigas) que são projetados para se encaixarem e evitar a necessidade de substâncias adicionais como cimento. 

Os produtos desenvolvidos pela Kubik são 40% mais baratos que os materiais de construção convencionais, emitem 5 vezes menos CO2, são duas vezes mais resistentes e mais de 100 vezes mais duráveis – graças à vida útil de mil anos de muitos plásticos.

A Kubik não está apenas redefinindo o futuro da construção civil, mas também mostrando ao mundo que nem tudo que vai para o lixo é lixo. Em um cenário global onde os recursos são cada vez mais escassos e o impacto ambiental é inegável, iniciativas como essa provam que inovação e sustentabilidade podem – e devem – andar lado a lado.

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Redação A Economia B

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