Da transição energética aos mercados de carbono: como IA, risco social e capital privado impactam investimentos sustentáveis
A MSCI (Morgan Stanley Capital International), uma das principais consultorias globais em pesquisa e análise de investimentos, avalia que, em 2025, sustentabilidade, tecnologia e investimentos estarão ainda mais interligados.
Com base nessa perspectiva, para identificar oportunidades, os investidores precisarão entender como as mudanças climáticas e as inovações tecnológicas transformam o mercado.
Para ajudar nessa análise, a MSCI reuniu suas principais previsões no relatório 6 Sustainability & Climate Trends to Watch in 2025. O documento mapeia seis tendências-chave, apresentadas na imagem abaixo:
A seguir, compartilhamos os destaques de cada ponto levantado.
#1 Busca por soluções para a transição energética
O relatório alerta que a transição energética enfrenta incertezas significativas, exigindo que os investidores redirecionem seu foco para identificar áreas com maior potencial de retorno, como energia de baixo carbono e soluções de armazenamento.
Os especialistas sinalizam que o caminho é desafiador: apesar dos compromissos globais para triplicar a capacidade de energia renovável e dobrar a eficiência energética, persistem dúvidas sobre a velocidade e a forma como essas metas serão alcançadas. “O desempenho de empresas de tecnologia limpa e energia renovável, que cresceram fortemente entre 2020 e 2021, tem mostrado volatilidade, o que reforça a necessidade de estratégias de investimento mais criteriosas”, destaca o documento.
Leia também: Meta de triplicar energia renovável até 2030 está em risco, diz IEA
#2 Enfrentando a realidade das mudanças climáticas
O verão de 2024 foi o mais quente já registrado globalmente, com impactos sentidos em todo o mundo – de ondas de calor na Índia a inundações na Europa. Segundo pesquisa da MSCI com 350 participantes do mercado financeiro, há um forte consenso: eventos climáticos extremos causarão danos significativos à macroeconomia.
O relatório aponta que a adaptação já não é uma preocupação apenas de longo prazo. Eventos recentes, como o furacão Helene na Carolina do Norte, demonstram como riscos climáticos podem variar drasticamente, mesmo em curtas distâncias geográficas. A consultoria alerta que, sem adaptação adequada, empresas e proprietários podem enfrentar aumento nos prêmios de seguro ou, no pior cenário, ter propriedades não seguráveis.
Leia também: Guia orienta financiamento para adaptação e resiliência climática
#3 O dilema dos dados para a IA
Em um cenário de transformação digital, a inteligência artificial surge como uma ferramenta promissora para aprimorar a análise de dados ESG, embora desafios como viés algorítmico e transparência precisem ser superados.
O relatório destaca que o sucesso comercial dependerá do acesso a dados de qualidade, o que levanta questões sobre a integridade das fontes de informação utilizadas para treinar modelos de IA. Portanto, empresas que investirem em bases de dados sólidas e transparentes estarão em vantagem competitiva.
Leia também: A pegada de carbono da Inteligência Artificial
#4 Riscos sociais em destaque nos mercados de ações
À medida que cresce o peso das empresas de tecnologia, os riscos sociais – como privacidade de dados e gestão de capital humano – ganham mais relevância do que as preocupações ambientais em algumas análises de sustentabilidade.
Nesse contexto, o relatório destaca que questões relacionadas aos direitos dos trabalhadores, diversidade e impacto social estão se tornando fatores críticos para investidores, exigindo uma abordagem mais ampla na avaliação de riscos ESG.
Leia também: GRI anuncia revisão de padrões de trabalho
#5 Mercados de carbono em encruzilhada
O relatório também aponta que os mercados de carbono enfrentam obstáculos relacionados à integridade e eficácia, o que pode limitar seu papel na mitigação das mudanças climáticas sem maior padronização.
No entanto, há sinais positivos: o aumento das exigências de conformidade e a evolução dos padrões de qualidade podem abrir novas oportunidades, sinalizando um possível ressurgimento desses mercados.
Leia também: Regras sobre mercado de carbono são aprovadas às pressas na COP29
#6 O papel do capital privado na transição energética
Por fim, o estudo identifica o potencial de setores emergentes, como eficiência energética, economia circular e captura de carbono, que podem se tornar alvos estratégicos para investidores na transição climática.
O relatório sugere que o capital privado desempenhará um papel fundamental ao financiar inovações e soluções que acelerem a descarbonização da economia global, especialmente em mercados menos acessíveis ao capital público.
Leia também: Big techs formam coalizão para escalar projetos de remoção de carbono
Perspectivas
Apesar do cenário desafiador, a MSCI mantém uma perspectiva otimista, afirmando que a inovação tecnológica e a transição climática continuarão a gerar oportunidades de investimento.
Segundo o estudo, “aqueles que conseguirem navegar pela complexidade das mudanças climáticas e da transformação do mercado estarão bem posicionados para capturar valor a longo prazo”.
→ O relatório 6 Sustainability & Climate Trends to Watch in 2025 está disponível na íntegra, em inglês, aqui.
Leia também:
Riscos climáticos ameaçam lucros corporativos
Conheça a nossa plataforma de curadoria e treinamento B2B sobre impacto, ESG e regeneração
O Farol da Economia Regenerativa é uma solução de curadoria de conteúdo sobre ESG, sustentabilidade, impacto e regeneração. Funciona como um programa de aprendizado contínuo e é planejado sob medida para sua equipe e organização.
O Farol oferece palestras, treinamentos, notícias, tendências, insights, coberturas internacionais e uma curadoria exclusiva para a sua organização e seu time navegarem pelos temas mais urgentes da nossa era. Conheça o Farol e entre em contato para agendarmos uma conversa.