ODS

Hollywood na berlinda climática

The Climate Reality Check

The Climate Reality Check avalia a representação das mudanças climáticas em produções audiovisuais. Somente três filmes indicados ao Oscar deste ano passaram no teste

A mudança climática existe no universo em que a história se passa? Os personagens estão cientes dela?

As respostas a essas duas perguntas são a base do Climate Reality Check, teste que visa avaliar se a realidade climática está sendo representada em filmes, programas de TV e outras produções audiovisuais.

Feito em parceria entre a consultoria sem fins lucrativos Good Energy e o laboratório de clima e meio ambiente da Colby College, o Climate Reality Check: 

  • Permite aos escritores e profissionais da indústria avaliar suas próprias histórias; 
  • Aos espectadores ver se Hollywood está representando a realidade climática nas telas; 
  • E aos pesquisadores medir se a mudança climática está incluída em qualquer grupo de histórias ou se a representação está aumentando ao longo do tempo.

And the Oscar goes to…

Pesquisadores das duas organizações envolvidas no Climate Reality Check aplicaram o teste aos indicados ao Oscar de 2024.

Dos treze filmes que atenderam aos requisitos de elegibilidade – são ambientados na Terra e ocorrem no presente ou em um futuro próximo –, apenas três “passaram”. Foram eles: 

Barbie

O relatório da Good Energy e da Colby College destaca que no filme dirigido por Greta Gerwig há uma rápida menção que vincula a crise climática ao consumismo. 

“A adolescente Sasha (Ariana Greenblatt) critica Barbie (Margot Robbie): ‘Você retrocedeu o movimento feminista cinquenta anos, destruiu o senso inato de valor das meninas e está matando o planeta com sua glorificação do consumismo desenfreado’. 

Embora o termo ‘mudança climática’ não seja mencionado, a conexão entre ‘consumismo desenfreado’ e ‘matar o planeta’ evoca a crise climática e conecta a mudança climática a uma de suas causas sistêmicas fundamentais. E ao conectar feminismo e preocupações climáticas (‘capitalismo sexualizado!’), o filme faz o argumento interseccional de que está tudo conectado”, avaliam os autores.

Missão: Impossível

Em Missão: Impossível, o personagem Eugene Kittridge (interpretado por Henry Czerny) alerta Ethan Hunt (Tom Cruise) que “a próxima guerra mundial não será fria”. “‘Será uma guerra balística por um ecossistema em rápida redução. Será uma guerra pelos últimos vestígios de nossa energia em declínio, água potável, ar respirável’”, cita o relatório. 

“Ethan está perseguindo uma IA renegada, uma ciberarma originalmente desenvolvida pelos EUA para se preparar para o caos climático que Kittridge evoca. Uma das principais características da IA é sua capacidade de prever resultados prováveis, uma habilidade que todos nós poderíamos desejar enquanto enfrentamos a incerteza de nosso futuro climático”, acrescenta.

Nyad

Por fim, o relatório destaca que, em “Nyad”, a mudança climática é explicitamente mencionada como um obstáculo para a tentativa de Diana Nyad de fazer história ao nadar de Cuba para a Flórida. 

“Na terceira tentativa de Nyad, ela é picada por uma água-viva, que quase a mata. Sua amiga e treinadora, Bonnie Stoll (Jodie Foster), diz a Nyad (Annette Bening): ‘Então, o pessoal da UMiami acha que a água-viva subiu do recife raso quando saímos de Cuba. Aquecimento global’. Anteriormente, a equipe no barco que acompanha Nyad diz que a água-viva ‘pode te matar’ e ‘não deveria estar’ nesta parte do oceano. 

Por meio do diálogo em duas cenas, a mudança climática está ligada a mudanças nos habitats de animais marinhos, o que representa ameaças para espécies individuais, ecossistemas e saúde humana – e ameaça a vida da protagonista do filme”, avaliam os autores do estudo.

Realidade climática nas telas

Em abril, a Good Energy publicou um novo estudo feito a partir da análise dos 250 filmes mais populares da última década. Desta vez, apenas 9,6% passaram no Climate Reality Check.

Segundo o estudo, a mudança climática existia no mundo da história de apenas 12,8% de todos os filmes, e foi mencionada em duas ou mais cenas em apenas 3,6%.

No entanto, a inclusão do clima no cinema está se tornando mais comum. A imagem abaixo mostra que o tema estava presente no dobro de filmes lançados durante a segunda metade da década (2018 a 2022) em comparação com a primeira metade (2013 a 2017).

The Climate Reality Check – como evolui

Um dos motivos para esse crescimento pode ser financeiro.

Afinal, segundo o levantamento, filmes que abordam as mudanças climáticas tendem a ser mais lucrativos. “Entre os 220 filmes com lançamentos nos cinemas, os que incluíram a mudança climática ganharam, em média, 8% a mais na bilheteria do que aqueles que não o fizeram. Da mesma forma, os filmes que incluíram pelo menos um personagem consciente da mudança climática tiveram um desempenho 10% melhor na bilheteria do que aqueles que não o fizeram”, revela o relatório.

Nossos resultados pintam um quadro claro: incluir a mudança climática nos filmes é lucrativo e está em ascensão. Neste ponto crucial da crise, há uma oportunidade sem precedentes para Hollywood nos ajudar a navegar pelo que significa ser humano na era da mudança climática, criando histórias autênticas que reflitam a realidade em que todos estamos vivendo. A mudança climática é a maior história de nosso tempo, e o palco está montado para Hollywood aceitar seu maior papel”, concluem os autores.

Leia também: Mudanças efetivas só acontecem com a ação coletiva


Conheça a nossa plataforma de curadoria e treinamento B2B sobre impacto, ESG e regeneração

Farol da Economia Regenerativa é uma solução de curadoria de conteúdo sobre ESG, sustentabilidade, impacto e regeneração. Funciona como um programa de aprendizado contínuo e é planejado sob medida para sua equipe e organização.

O Farol oferece palestras, treinamentos, notícias, tendências, insights, coberturas internacionais e uma curadoria exclusiva para a sua organização e seu time navegarem pelos temas mais urgentes da nossa era. Conheça o Farol e entre em contato para agendarmos uma conversa.

farol da economia regenerativa

Redação A Economia B

Os conteúdos assinados por Redação A Economia B são produzidos coletivamente pelo nosso time de jornalistas. Pauta, apuração, produção e edição são parte de um esforço compartilhado para oferecer a você a melhor curadoria de conteúdo sobre ESG, sustentabilidade, impacto e regeneração.

Série Estudos B

Guia para empresas