Experiência de Potreritos, povoado de Medellín, mostra como soluções simples e participação cidadã podem transformar o cuidado ambiental
Quem visita Medellín se impressiona com o verde da cidade colombiana.
Mas, como em tantas grandes cidades, há algo que a paisagem exuberante esconde: o volume de resíduos produzidos diariamente.
De acordo com a prefeitura, o setor residencial de Medellín gera cerca de 1.100 toneladas de lixo por dia – mais de 400 mil toneladas por ano – e a cidade como um todo aproveita apenas 25% dos resíduos gerados, segundo dados de 2022. O restante vai direto para o aterro sanitário La Pradera, que já enfrenta problemas de capacidade.
Porém, mo povoado de Potreritos, 108 moradores se organizaram para enfrentar o problema dos resíduos coletivamente, e provaram que soluções simples podem ter impacto real.
WhatsApp como ferramenta de mudança
Liderados pela Junta de Ação Comunal (JAC) – organização comunitária que funciona como ponte entre cidadãos e governo –, os moradores tornaram a separação de resíduos um hábito coletivo.
Em apenas um ano e meio, o grupo recuperou 3 mil toneladas de materiais recicláveis (o equivalente ao peso de cerca de 600 elefantes), evitando que esse volume de lixo chegasse aos córregos ou aos aterros sanitários.
A mobilização local encontrou no WhatsApp uma ferramenta de educação ambiental. Por meio de um grupo na plataforma, circulam mensagens de incentivo, orientações sobre coleta e ideias de campanhas. Isso ajudou a fazer com que as famílias passassem a separar seus resíduos e levá-los aos pontos de coleta voluntariamente.
Além disso, com o apoio de voluntários, escoteiros, restaurantes e agricultores da região, a JAC criou uma rede de colaboração que vai além da reciclagem. As atividades envolvem crianças e jovens em oficinas e férias recreativas, em que aprendem sobre reaproveitamento e consciência ambiental.
O resultado é visível e mensurável: além do lixo desviado dos aterros, os córregos da região estão mais protegidos da contaminação por resíduos sólidos, as ruas estão mais limpas, os moradores, mais engajados, e há relatos de uma sensação crescente de pertencimento.
O que começou como uma reorganização comunitária virou exemplo para toda a cidade. Os moradores provaram que a transformação ambiental não depende apenas de grandes investimentos – exige organização, diálogo e disposição de cada pessoa para cuidar do lugar onde vive.
Informações: Prefeitura de Medellín
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