Climate TRACE usa satélites e IA para rastrear emissões em tempo (quase) real; primeira medição mostra queda global de 0,59% em janeiro
As eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2000 foram não apenas uma das disputas mais acirradas da história recente do país, mas também uma das mais controversas. O candidato democrata, Al Gore, venceu o republicano George W. Bush no voto popular, mas acabou derrotado no Colégio Eleitoral. Com uma diferença mínima, a disputa foi parar na Suprema Corte, que suspendeu a recontagem dos votos na Flórida. A decisão final só veio mais de um mês após a votação, quando George W. Bush foi oficialmente declarado presidente.
Desde então, Al Gore (que havia sido vice-presidente de Bill Clinton) não desapareceu da cena pública; pelo contrário, tornou-se uma das figuras mais ativas na defesa do meio ambiente, usando sua visibilidade para impulsionar ações climáticas em escala global.
Duas décadas após aquela eleição histórica, ele está à frente da Climate TRACE, uma coalizão formada por mais de 100 organizações (entre ONGs, universidades e empresas de tecnologia) que publica relatórios mensais, independentes e públicos sobre as emissões globais de gases de efeito estufa.
Diferentemente dos inventários tradicionais baseados em dados autodeclarados, a Climate TRACE parte de observações diretas captadas por satélites, sensores e analisadas por inteligência artificial, oferecendo informações em tempo (quase) real sobre quem está poluindo, quanto e onde.
O sistema monitora mais de 660 milhões de fontes de emissão, como usinas, fábricas, portos e navios, cruzando imagens de satélite com assinaturas térmicas e dados operacionais. Os algoritmos detectam emissões com um nível de precisão e frequência sem precedentes.
Na prática, investidores, seguradoras e reguladores têm acesso a um “dashboard climático global”, capaz de revelar, com granularidade setorial e geográfica, onde e como as emissões estão acontecendo – algo comparável a um terminal de mercado financeiro. Esses dados ajudam a embasar decisões sobre políticas públicas, investimentos e regulação climática.
Primeiro relatório da Climate TRACE traz sinais mistos
A primeira atualização da ferramenta, referente a janeiro de 2025, revelou uma emissão global de 5,26 bilhões de toneladas de CO₂ equivalente, uma redução de 0,59% em relação ao mesmo mês de 2024.
A evolução recente das emissões ajuda a contextualizar os primeiros dados captados pela Climate TRACE:
O setor de transportes foi o que mais reduziu emissões, com queda de 1,6% em relação a janeiro do ano passado. A China teve a maior redução absoluta entre os países: -1,1%, o que representa menos 17,4 milhões de toneladas de CO₂ equivalente.
A divisão setorial mostra quais áreas ainda concentram os maiores desafios para a redução de emissões:
Para Al Gore, a Climate TRACE é uma ferramenta essencial para dar visibilidade e urgência ao que antes era invisível – o verdadeiro impacto humano sobre o planeta.
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Google Map(s) das emissões de metano
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