Mudanças incluem a eliminação de cores chamativas e de personagens voltados ao público infantil de rótulos de mais de 50 produtos com baixo perfil nutricional
No início da década de 1990, uma propaganda aparentemente simples trouxe dor de cabeça a muitos pais no Brasil. O icônico comercial “Eu tenho, você não tem”, que anunciava tesouras do Mickey e da Minnie da marca Mundial, despertou desejo de compra em muitas crianças e se tornou um exemplo clássico de como personagens queridinhos têm o poder de influenciar o consumo infantil.
De lá pra cá, muita coisa mudou em termos de regulação de publicidade infantil, mas é inegável que ela continua presente e eficaz. Talvez até por isso, é cada vez mais questionada…
Saúde, publicidade e o papel das empresas
Na Espanha, uma em cada três crianças está com sobrepeso ou obesidade, segundo o estudo ALADINO, realizado pela Agência Espanhola de Segurança Alimentar e Nutrição (AESAN).
Em resposta a esse cenário – e ciente do papel da publicidade no consumo excessivo de alimentos que contribuem para o crescimento da obesidade infantil –, a rede de supermercados Lidl decidiu reformular as embalagens de dezenas de produtos alimentícios de baixo valor nutricional da sua marca própria, removendo personagens, cores chamativas e outros elementos lúdicos.
A medida já resultou na modificação de mais de cinquenta produtos. Até janeiro de 2026, o Lidl pretende aplicar essa política a mais de 60 itens, antecipando-se voluntariamente a qualquer possível regulamentação nacional sobre o tema.
Além das mudanças visuais nas embalagens, desde 2023 a rede também suspendeu a veiculação de publicidade voltada a crianças para produtos com menor perfil nutricional, tanto em meios de comunicação quanto em seus canais próprios. É importante destacar, porém, que em datas comemorativas como Natal, Páscoa ou Halloween, campanhas específicas ainda utilizam elementos lúdicos.
Essas ações fazem parte de uma estratégia mais ampla de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) do Lidl, que tem como foco a promoção de uma alimentação mais saudável, acessível e sustentável.
A iniciativa ganha relevância em um contexto em que a obesidade infantil é considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma epidemia global e um dos maiores desafios de saúde do século XXI. Ainda assim, na Espanha, de acordo com o estudo ALADINO, apenas uma em cada quatro pessoas reconhece a gravidade do problema.
Ao reformular seus produtos e estratégias de marketing, o Lidl responde a um problema de saúde pública, ao mesmo tempo em que ajuda a pautar o debate sobre a responsabilidade das empresas na comunicação de alimentos voltados ao público infantil. A iniciativa pode incentivar outras marcas a repensarem a forma como apresentam produtos com baixo valor nutricional e a assumirem um papel mais ativo na promoção de hábitos alimentares saudáveis desde a infância.
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