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O superciclo tecnológico e as mudanças climáticas

O superciclo tecnológico e as tendências relacionadas à energia e ao clima

Um olhar sobre as tendências relacionadas à energia e ao clima presentes no 2024 Tech Trends Report, do Future Today Institute

No último sábado (09/03), a futurista norte-americana Amy Webb subiu ao palco do festival de inovação SXSW para apresentar o relatório anual de tendências de tecnologia da Future Today Institute, consultoria especializada em previsão estratégica, da qual é CEO.

Na palestra, Amy contou que, no início do último trimestre de 2023, ela e seu time notaram que havia um novo padrão emergindo: um superciclo tecnológico.

Emprestado do universo econômico, o termo “superciclo” se refere a um período prolongado de demanda crescente que eleva os preços e ativos a patamares sem precedentes.

Amy Webb – O superciclo tecnológico e as tendências relacionadas à energia e ao clima“No passado, superciclos eram definidos por apenas uma tecnologia; não é o que está acontecendo agora. O que observamos é que existem três tecnologias que vão impulsionar tudo. São elas: biotecnologia, ecossistemas conectados de coisas e inteligência artificial. E é isso que o torna um superciclo tecnológico”, explica.

Para Amy, todas as 8 bilhões de pessoas na Terra hoje (Baby boomers, Geração X, millennials, Gen Z e Gen Alpha) formam o que ela chama de Geração T, a geração da transição. “Depois que essa transição completar seu ciclo, a sociedade será muito, muito diferente”, avalia. 

O superciclo tecnológico é o tema central do 2024 Tech Trends Report da Future Today Institute. O documento apresenta 695 tendências (pois é!), tem 979 páginas e está organizado em 16 seções, uma delas dedicada à energia e ao clima.

Um olhar sobre as tendências relacionadas à energia e ao clima

Um olhar sobre as tendências relacionadas à energia e ao clima
Foto de Drew Beamer na Unsplash

Nas 80 páginas do relatório de tendências tecnológicas relacionadas à energia e ao clima, os pesquisadores  do Future Today Institute analisam o cenário atual no campo da ação climática, falam sobre ameaças e oportunidades, apresentam os temas mais quentes do momento, ilustram suas percepções com exemplos práticos… enfim, é um material denso e que merece leitura atenta. Ele está disponível gratuitamente (em inglês) aqui.

A missão de resumi-lo é árdua (e injusta, convenhamos). O que você vai ler a seguir é uma seleção de insights apresentados no relatório, combinada com algumas inovações que ilustram como essas tendências se materializam no dia a dia. 

É um pequeno recorte que tem o objetivo de despertar seu interesse para saber mais sobre esses temas que serão cada vez mais importantes para as organizações – inclusive, o Future Today Institute aponta no estudo que, em no máximo 15 anos, tendências relacionadas à energia e ao clima terão provocado disrupções em todas as indústrias.

Da revolução à evolução

Em 2023, governos fortaleceram regulamentações ESG, pressionando as empresas a serem mais transparentes em relação a suas emissões de carbono. Na visão dos autores do relatório, essa pressão crescente sobre a prestação de contas pode acabar direcionando o foco para métricas equivocadas, prejudicando iniciativas ambientais eficazes. 

Por outro lado, impactos ambientais agora são definidos de maneira mais abrangente, aumentando as responsabilidades das empresas.

“O framework aprovado na Conferência de Biodiversidade da ONU em 2022 amplificou a proteção dos ecossistemas biológicos, acesso equitativo e direitos humanos. Em 2023, a COP28 teve seu primeiro dia dedicado à saúde, e as nações se comprometeram a incluir sistemas alimentares em suas Nationally Determined Contributions (NDCs) atualizadas. Mais responsabilidades podem surgir de uma série de processos judiciais que decidirão se os responsáveis pelos efeitos das mudanças climáticas que causaram podem ser responsabilizados”

Por fim, o recado que fica é: “se os tribunais decidirem que sim, prepare-se para mudanças drásticas nos esforços regulatórios e práticas empresariais”.

Deu n’A Economia B

As notícias abaixo, publicadas aqui nas últimas semanas, mostram que, na União Europeia, isso já vem acontecendo. Não deve demorar para que iniciativas semelhantes sejam colocadas em prática em outros cantos do mundo:

Além disso, o relatório também destaca que tensões geopolíticas e uma frequência maior de eventos climáticos extremos aumentam o risco de interrupções nas cadeias de suprimentos, assim como o aumento de preços e a escassez de materiais base e mão de obra necessários. 

À medida que as capacidades de rastreamento das emissões dos escopos 1, 2 e 3 se expandem, as empresas devem estar preparadas para descobrir que a pegada de emissões de carbono é muito mais significativa do que o esperado (e menos sob seu controle). 

Deu n’A Economia B

Nas últimas semanas, falamos sobre duas novas “calculadoras de emissões”. Elas corroboram essa tendência e ligam o alerta para a importância de medir para entender e agir para controlar e reduzir emissões: 

Outro ponto de atenção, segundo o Future Today Institute, é uma abordagem mais holística das emissões de gases de efeito estufa – embora as emissões de dióxido de carbono estejam no centro da conversa climática. 

O relatório destaca que tanto os Estados Unidos quanto a União Europeia tomaram medidas para controlar as emissões de metano – principal componente dos combustíveis fósseis, que tem um poder de aquecimento 80 vezes maior do que o CO₂ durante seus primeiros 20 anos na atmosfera.

Deu n’A Economia B

Neste artigo, apresentamos o “Google Maps da emissão de metano”, uma iniciativa do Environmental Defense Fund (EDF) apoiada pela big tech que mapeia as emissões de metano a partir de modelagem de inteligência artificial e imagens de satélite.

Todo esse contexto torna fundamental avaliar a expertise existente e contratar ou treinar funcionários com as habilidades necessárias para integrar tecnologias climáticas. Porém, como alerta o 2024 Tech Trends Report do Future Today Institute, em um mercado de trabalho já restrito e uma força de trabalho sobrecarregada, essa pode ser uma missão desafiadora.

Deu n’A Economia B

Estas duas iniciativas mostram possíveis caminhos para superar esse desafio: 

Investimentos e ações a considerar

Investimentos e ações a considerar em relação às tendências de energia e clima
Foto de Javier Allegue Barros na Unsplash

A partir da análise feita no relatório sobre energia e clima do 2024 Tech Trends Report, Amy Web e seu time sugerem uma série de investimentos e ações a se considerar. Destacamos estas três:

  • Com a inovação avançando significativamente no rastreamento de carbono, invista tempo na busca pela plataforma e pelo ecossistema de sensores que melhor se adequam ao seu negócio e cadeia de suprimentos. Essas tecnologias impactarão todos os aspectos da sua organização, tornando a implementação de novos equipamentos e software muito cara.
  • Sustentabilidade está se tornando um esforço mais amplo e agora inclui biodiversidade, práticas éticas e proteção de comunidades indígenas. Trabalhe para obter insights sobre essas áreas em toda a sua cadeia de suprimentos para se preparar para as pressões regulatórias.
  • Explore novas oportunidades para não apenas ficar por dentro da inovação, mas também para fazer parte do ecossistema de investimentos, pesquisa e desenvolvimento. Isso garante que os gargalos e problemas específicos do seu negócio estejam sendo resolvidos e pode até levar a novos modelos de negócios licenciando a tecnologia desenvolvida.

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