Histórias B

Como pequenas empresas podem ajudar a combater a crise climática

Descubra o que a empresa B certificada Baluarte Cultura vem fazendo pelo clima e confira dicas práticas para iniciar um movimento semelhante na sua empresa

Quando se fala em empresas assumindo sua responsabilidade na emergência climática, é natural pensarmos em grandes indústrias poluidoras, multinacionais extrativistas ou no agronegócio. Talvez por isso, aliás, algumas PMEs podem pensar que essa luta não é delas e que nada podem fazer a respeito. Ou que ainda que façam algo, o impacto será ínfimo.

Porém, não é bem assim. 

A história que vamos contar hoje é um bom exemplo de como uma vontade genuína somada a uma boa gestão e a uma visão de futuro pode não só criar um diferencial para a empresa, mas mudar o mundo.

A empresa B que acelera a transição para uma cultura empresarial preocupada com a sustentabilidade e o futuro do planeta

Na abertura da Cúpula Global do Clima, Francine Lemos, diretora-executiva do Sistema B Brasil, apresentou os três pilares do Coletivo do Clima Brasil. Um deles é a redefinição do que se entende por modelo de liderança: “temos que celebrar quem está construindo o mundo em que acreditamos”, disse. 

A história da Baluarte Cultura ilustra bem esse pensamento. 

A Baluarte realiza projetos de cultura e educação, cria plataformas de patrocínio e investimento social privado e desenvolve plataformas de sustentabilidade como parte estratégica dos modelos de negócio dos clientes. Ou seja, os valores de uma nova economia – que harmoniza lucro e propósito – são intrínsecos ao que a empresa oferece ao mercado.

Contudo, o objetivo era ir além e transformar a empresa por completo para torná-la referência e fonte de inspiração em toda a sua estrutura e operação.

Na palestra Emergência climática: Sou empresa pequena, o que estou fazendo pelo clima?, Paula Brandão, cofundadora e Diretora de Criação & Planejamento da Baluarte, compartilhou a jornada da empresa para incorporar ações ligadas aos ODS para além de seu campo de atuação – que, por essência, é conectado à Agenda 2030, afinal, o foco da empresa é criar soluções que unam interesses da sociedade e empresas, ajudando a construir um mundo com mais equidade através de parcerias multissetoriais.

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Certificações ajudam na melhoria contínua

Paula Brandão

Um dos pontos fundamentais para a Baluarte seguir em direção aos seus objetivos estratégicos ligados a ser uma empresa melhor para o planeta são as certificações que possui e os compromissos que assina. 

Além de empresa B, é Great Place To Work, assinante do Pacto Global, da ONU Mulheres, dentre outros. “As certificações nos orientam para atingir nossos objetivos, para estarmos em um processo contínuo de melhoria das nossas práticas, de evoluir nossa participação na sociedade e em nossa agenda climática. Mesmo sendo uma pequena empresa, fazemos parte da transformação”, destacou.

A jornada da Baluarte Cultura na busca por se tornar mais sustentável começou em 2017, de forma experimental. Na ocasião, um cálculo das emissões de carbono foi feito com a ajuda de uma ferramenta online gratuita. “Temos a tendência de pensar que por sermos pequenos não podemos contribuir, mas a mudança começa no indivíduo. A empresa não precisa ter um determinado porte para começar a fazer essa transformação”, declarou a empreendedora carioca.

Esse começo, talvez despretensioso, resultou em avanços consistentes ao longo dos anos seguintes. Em 2018, a empresa criou o seu inventário de emissões de carbono baseado no GHG Protocol, padrão internacional de medição e gestão de emissões. No mesmo ano, passou a patrocinar o plantio de mudas na Mata Atlântica – o que segue fazendo. 

Em 2019, a meta ambiental passou a fazer parte da visão estratégica da empresa. Além disso, um documento chamado Código Verde começou a ser estruturado – ele foi lançado oficialmente em 2020 e formaliza ao time de 23 pessoas o que a Baluarte pensa e como age em seu dia a dia. 

Paula acredita que um documento formal dá um senso maior para todas as ações. E, para a equipe, traz mais relevância sobre as razões que motivam essas ações. “Para nossa agenda climática funcionar, precisamos que todos a entendam. Estimulamos nossa equipe a contribuir e ter sua antena ligada no dia a dia sobre suas próprias atitudes”, pontuou.

Dicas para empresas que querem se inspirar na jornada da Baluarte Cultura

Trazendo seu próprio exemplo como referência, Paula recomendou a experimentação como ponto de partida da mudança. “Só experimentando você vai entender as lacunas do seu negócio e quais são suas prioridades. Então, é preciso experimentar para começar a mapear”, sugeriu.

Além disso, ela reforçou a importância de se investir na criação da mentalidade sustentável. “A implementação do Código Verde teve uma importância muito grande para nossa equipe enxergar o valor do tema dentro da estratégia de negócio”, revelou.

Por fim, a empreendedora indicou que empresas pequenas interessadas em fazer sua parte pelo clima sigam estes passos:

  1. Incorpore a importância desse tema dentro da jornada de negócios e na missão da empresa.
  2. Calcule suas emissões e faça um primeiro inventário delas.
  3. Crie uma meta ambiental e defina ações para cumpri-la.
  4. Elenque prioridades, experimente, participe de eventos, estude e estimule a equipe a estudar também.
  5. Conecte-se. “Precisamos trabalhar em rede, colaborando e recebendo colaboração. Isso é fundamental para acelerar os processos ambientais nas pequenas empresas, que possuem limitações de estrutura. Precisamos estar juntos e trocar. O aprendizado que eu tive serve para outras empresas e vice-versa”, destacou Paula.
  6. Sistematize boas práticas.
  7. Revise e aprimore o processo constantemente.

“A gente só conseguiu caminhar o tanto que já caminhamos porque decidimos começar”, conclui.

Este artigo faz parte da cobertura da primeira Cúpula Global do Clima, evento organizado pelo Sistema B e pelo B Lab, que aconteceu entre 29/06 e 01/07/21. Assine nossa newsletter para receber todas as atualizações.

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Publicado por
João Guilherme Brotto

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