Crédito da foto: Markus Spiske para Unsplash
Relatório A Onda Verde aponta as principais tendências e oportunidades para empreender e investir com impacto ambiental positivo no Brasil
Enquanto a humanidade vive um momento crucial no que diz respeito à emergência climática, questionamentos sobre o modelo econômico responsável por nos deixar à beira do colapso crescem e, junto com eles, tendências relacionadas a uma economia regenerativa se materializam.
Esse contexto é retratado no relatório A Onda Verde: Oportunidades para empreender e investir com impacto ambiental positivo no Brasil.
Profissionais da Pipe.Labo e da Climate Ventures, responsáveis pelo estudo, entrevistaram 17 especialistas e fizeram uma ampla pesquisa para produzir um relatório que conta a história da matriz econômica do Brasil, explica a transição da lógica extrativista para a regenerativa e retrata o contexto em que vivemos para, depois, apontar desafios, tendências e oportunidades do setor de impacto ambiental brasileiro.
O relatório foi apresentado por Daniel Contrucci, Co-founder da Climate Ventures, em sua palestra na Cúpula do Clima*.
Abaixo, trazemos um resumo dos pontos centrais do estudo, com um olhar especial sobre tendências, desafios e oportunidades.
Os especialistas ouvidos para a elaboração do relatório A Onda Verde apontaram que os principais desafios ambientais do Brasil são:
“As mudanças climáticas estão entre os maiores desafios a serem enfrentados pela sociedade global no século XXI. Isso porque podem gerar impactos devastadores às trajetórias de desenvolvimento dos países e, consequentemente, sobre a vida de suas populações, seus sistemas produtivos e sobre os ecossistemas.”
“O desmatamento ilegal dos principais biomas do país – como a Amazônia, o Cerrado e a Mata Atlântica – gera perdas muito mais profundas e em mais níveis do que podemos imaginar.”
“Tanto no meio rural como no urbano, o planejamento territorial e o desenvolvimento de infraestrutura no Brasil têm apresentado diversas lacunas. Uma das mais relevantes reside na baixa capacidade de conciliar modelos produtivos e zonas de conservação, subaproveitando o uso estratégico e sustentável dos recursos naturais.”
“A população brasileira, ainda hoje, sofre com uma infraestrutura de saneamento insuficiente e que gera graves consequências ao desenvolvimento nacional.”
Além de apresentar em detalhes cada desafio, o relatório traz soluções e cases que ilustram os caminhos para uma economia regenerativa. “Cada vez mais as organizações precisarão prestar conta e se responsabilizar pelos impactos em toda sua cadeia de valor. Além disso, surgirão cada vez mais negócios regenerativos – que geram valor econômico e, ao mesmo tempo, contribuem para a regeneração de ecossistemas”, contou Daniel.
De acordo com A Onda Verde, estes são os sete setores mais estratégicos para a agenda ambiental brasileira:
Resumimos nos slides abaixo os principais desafios de cada um:
*Para chegar aos setores-chave para a agenda ambiental brasileira, A Onda Verde se baseou na análise dos especialistas entrevistados e, também, no estudo Não Perca Esse Bond – Ativos e projetos elegíveis à emissão de Títulos Verdes em setores-chave da economia brasileira, publicado pela plataforma de empréstimo coletivo SITAWI com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS).
Leia também: Transição de matriz energética: a ComBio e a revolução da biomassa |
Os desafios trazidos pela transição para uma economia regenerativa consolidam tendências, criam novos mercados e geram oportunidades. Neste sentido, A Onda Verde aponta que as seguintes áreas tendem a ganhar cada vez mais relevância no Brasil:
“Diversos setores da economia brasileira possuem ótimos indicadores de sustentabilidade em seus processos produtivos (principalmente por conta da matriz elétrica brasileira, com grande participação de energias renováveis e por estes setores utilizarem ativos agrícolas e/ou renováveis em suas cadeias de valor).
No entanto, um enorme desafio ainda reside na capacidade de essas empresas demonstrarem a rastreabilidade dos atributos de sustentabilidade de seus produtos, colocando-os como melhores alternativas em relação aos concorrentes internacionais.”
“O potencial de utilização de bioativos brasileiros na indústria ainda é incrivelmente subexplorado. Conhecer e valorizar a biodiversidade não passa apenas pela proteção de espécies animais, mas também pela descoberta (bioprospecção) de novos ativos capazes de potencializar a sustentabilidade na economia nacional.
De alimentos a fármacos, de fibras à biomimética, há uma infinidade de possibilidades para que a indústria incorpore os ativos ambientais em seus processos produtivos, entregando valor a seus clientes ao mesmo tempo que são valorizadas e remuneradas as iniciativas de conservação desses ativos, principalmente os de base florestal.”
Leia também: Bioeconomia e o futuro da Amazônia – como negócios sustentáveis podem ajudar a salvar a floresta |
“Por conta de décadas de desenvolvimento econômico descompassado da noção de sustentabilidade social e ambiental dos processos produtivos, muitos passivos foram gerados como consequência desse processo.
No entanto, mais recentemente, modelos de negócios inovadores cada vez mais demonstram a viabilidade de aliar a geração de valor e lucratividade à regeneração dos ecossistemas degradados, eliminando tais passivos à medida que são produzidos bens e serviços a partir de práticas mais sustentáveis.
Contudo, a ideia de uma economia regenerativa provoca também questionamentos sobre mudanças estruturais e profundas na lógica atual dos negócios, abandonando a noção de um capitalismo baseado em extrativismo e crescimento infinito e repensando inclusive as relações estabelecidas pelos negócios nas dimensões social e ambiental.”
Leia também: “Sustentabilidade já foi. Esquece. Agora é a hora da regeneração!” |
“Diversos governos ao redor do mundo têm utilizado instrumentos de mercados para flexibilizar o cumprimento de metas e compromissos na dimensão ambiental. A ideia por trás desse movimento é a de que mercados de ativos ambientais podem gerar os benefícios ambientais desejados com o menor custo para a sociedade como um todo.
Para isso, empresas que possuem um menor custo para atingir o benefício ambiental desejado, podem ofertar o excedente do benefício produzido para empresas que não conseguem (ou em que o custo é muito alto) produzir o mesmo benefício ambiental.”
Por fim, o relatório A Onda Verde também apresenta uma Matriz de Oportunidades que é um guia para empreendedores e investidores que desejam alavancar uma nova economia de impacto ambiental positivo para o país.
É uma lista extensa de novas tecnologias e modelos de negócios inovadores direcionados a atender os principais desafios mapeados no relatório. As soluções são divididas a partir das premissas abaixo, e sempre acompanhadas por cases reais:
O ponto central dessa conversa é que temos um contexto em que as novas demandas da geração Z e de consumidores cada vez mais conscientes, a urgência das pautas da Agenda 2030, o fluxo do capital e as constantes inovações tecnológicas estão transformando a dinâmica dos investimentos e do empreendedorismo.
Dado o avanço do debate ESG, não é exagero afirmar que o “dinheiro verde” será cada vez mais direcionado para as disrupções que são boas para pessoas e para o planeta.
As 151 páginas do estudo A Onda Verde são valiosas para qualquer investidor/pessoa/empresa que deseja ter uma boa compreensão do setor de impacto e principais tendências. Leia ele na íntegra e saiba mais.
*Este artigo sobre as principais tendências e oportunidades para empreender e investir com impacto ambiental positivo no Brasil faz parte da cobertura da primeira Cúpula Global do Clima, evento organizado pelo Sistema B e pelo B Lab, que aconteceu entre 29/06 e 01/07/21. Assine nossa newsletter para receber todas as atualizações.
Vá para a página inteira para visualizar e enviar o formulário.
Análise de mais de 3 mil alegações ambientais denuncia o uso sistemático de termos vagos,…
Climate TRACE usa satélites e IA para rastrear emissões em tempo (quase) real; primeira medição…
Solução da startup britânica Stabiliti permite incorporar compensações de carbono em pagamentos do dia a…
Startup francesa transforma roupas usadas em tijolos e se une a outras iniciativas globais que…
A edição de 2025 da carta anual do CEO da maior gestora de ativos do…
Resíduos da fabricação de pranchas de surfe estão sendo transformados em blocos de construção por…
Este site utiliza cookies.
Deixe um comentário