Você reconhece algumas das situações abaixo em ações de comunicação realizadas por empresas?
Esses são apenas alguns dos problemas que fazem com que, muitas vezes, a comunicação das empresas com os consumidores seja vista com maus olhos. Além disso, ao longo da história, essas questões prejudicaram a reputação da publicidade, diminuindo a confiança das pessoas na propaganda.
Contudo, transformações no comportamento do consumidor estão impulsionando mudanças na maneira como as empresas se posicionam e se comunicam com os consumidores, impactando diretamente no papel da publicidade.
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No cerne dessa movimentação surge o conceito que coloca o propósito na base do marketing: o chamado marketing de causa – marketing de propósito ou purpose-driven marketing.
Seja qual for o nome, o importante é que os valores e os propósitos defendidos na comunicação da marca sejam autênticos e estejam alinhados com o posicionamento da empresa em outras esferas.
Especialista em Comunicação e Publicidade, Andrea esteve envolvida em campanhas icônicas nesse sentido – caso, por exemplo, da ação Me Gosto com Gosto, da eQlibri, que destacou a diversidade e o protagonismo feminino. Além disso, a campanha HER SHE, da Hershey’s, que deu visibilidade a artistas mulheres, também é outro exemplo de ação com propósito liderada por Andrea.
Andrea Siqueira – Eu não gosto do termo marketing de causa, pois, para mim, soa oportunista.
Achar a causa ou o propósito é tão importante quanto ter consciência da missão da empresa, da marca. Ou seja, é algo que precisa nascer de dentro para fora, precisa refletir os valores da organização. E precisa engajar os primeiros advogados dessa ideia, que são os próprios colaboradores.
Antes, vivíamos a era do marketing da experiência. Hoje, estamos vivendo a era do marketing da transformação. As marcas podem assumir o papel de empoderar o indivíduo a provocar transformações em sua volta. O coletivo, hoje, assume um papel importante.
Um estudo da Harvard Business School provou que o faturamento de marcas com propósito supera em até 400% o das demais. Ou seja, é mais lucrativo no longo prazo.
E ainda, uma pesquisa feita pela GlobeScan em 2017 mostrou que 65% dos consumidores preferem marcas com propósitos claros e que agem em benefício da sociedade. Inclusive, acredito que hoje, depois da mobilização de várias empresas e marcas durante a pandemia, esse número seja ainda maior.
Além disso, outro estudo, esse da Edelman, de 2018, mostrou que 69% dos brasileiros compram por convicção – ou seja, escolhem, apoiam ou boicotam uma marca com base em seu posicionamento sobre questões da sociedade.
Portanto, novos modelos de atuação precisam ser pensados. E as marcas podem ser essa plataforma de conexão, empoderando as pessoas e as comunidades, acelerando as transformações.
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O principal erro é a falta de consistência. Mas não é o único. Além disso, como disse anteriormente, o propósito precisa nascer de uma verdade da marca, não pode ser a “moda do momento”. O consumidor percebe quando é apenas uma falácia, sem verdade.
Todos esses movimentos por igualdade de gênero, maior diversidade racial, antietarismo, sustentabilidade, etc., precisam ser vivenciados pela empresa antes de serem assumidos como bandeiras. O consumidor vai cobrar o que a marca está fazendo para ajudar a promover a transformação de verdade. “Story-doing” é mais importante do que “story-telling”.
Aliás, defender uma causa ou levantar uma bandeira apenas porque é tendência ou para tentar melhorar a reputação de uma empresa não é sustentável no longo prazo. O consumidor percebe quando é uma farsa, e isso pode causar um efeito inverso muito maior.
Os fundamentos da empresa/marca é que definem isso. Portanto, o primeiro passo é saber responder:
O maior risco é a falta de verdade interna da empresa com a causa. Um grande risco e um grande erro. Porque, se há verdade e os haters aparecem, os fãs saem em defesa da empresa.
Aliás, a satisfação e o engajamento (tanto do público interno quanto dos clientes e de membros da sociedade) são grandes benefícios de as empresas agirem guiadas por propósito. Inclusive, uma pesquisa da Accenture de 2019 revelou que 62% dos consumidores esperam que as marcas apoiem as causas que eles se interessam.
Por outro lado, ao não se posicionar, a empresa perde a conexão com o consumidor e, consequentemente, perde parte do seu valor. A partir do momento que uma marca não tem mais valor, só o resta o preço.
É dever do mercado inspirar e se responsabilizar pela transformação. Hoje, a publicidade está corrigindo um erro de muitos anos de perpetuar a mesma escolha de casting, os mesmos modelos de atuação dos personagens.
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Um case recente e bastante emblemático é o que envolve a Nike e o atleta da NFL (liga de futebol americano dos Estados Unidos) Colin Kaepernick, patrocinado e parceiro da marca desde 2011. Antirracista, o atleta iniciou um movimento de se ajoelhar no momento da exibição do hino americano em sinal de protesto.
Os haters responderam, as ações da Nike caíram. Contudo, a empresa não retrocedeu e apoiou o atleta, fez uma campanha com o texto “acredite em algo, mesmo que isso signifique sacrificar tudo”. Como resultado, as ações da Nike subiram para patamares ainda maiores do que antes.
No Brasil, em 2020, a Natura, sofreu retaliação de uma parcela da sociedade contra pessoas LGBT em sua comunicação de Dia dos Pais.
Assim como a Nike, a Natura não retrocedeu, outras marcas apoiaram a empresa e, dias depois da polêmica envolvendo Thammy Miranda, as ações da empresa tiveram acréscimo de 6,7% no valor de venda, a maior alta da Ibovespa, principal índice acionário do Brasil.
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