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Estocolmo+50 Climate Hub: duas inovações que aceleram a corrida net zero na indústria

Foto: We Don't Have Time

Conheça duas inovações apresentadas no Estocolmo+50 Climate Hub* que indicam o caminho para a neutralização das emissões de carbono na indústria

Em 1972, líderes visionários se reuniram em Estocolmo, na Suécia, para a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano. Na ocasião, foram debatidas questões como desenvolvimento, pobreza, bem-estar humano e cuidado com o planeta.

Durante o evento, Olof Palme, então ministro sueco, ressaltou:

“O ar que respiramos não é propriedade de nenhum país. Nós o compartilhamos. Os grandes oceanos não estão divididos por fronteiras nacionais, são nossa propriedade comum. O que nos é pedido não é renunciar à soberania nacional, mas usá-la para promover o bem comum. Precisamos cumprir certas regras internacionais acordadas para salvaguardar nossa propriedade comum e deixar algo para nós e as gerações futuras compartilharmos.”

Cinco décadas depois, os problemas socioambientais atingiram níveis catastróficos, demandando ações urgentes – que, inclusive, já vinham sendo defendidas lá em 1972. 

Para marcar os 50 anos do evento que levou à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), entre 31 de maio e 05 de junho de 2022 aconteceu, também na capital sueca, a Conferência Estocolmo+50. 

Nossa equipe participou do Estocolmo+50 Climate Hub, evento paralelo à plenária da ONU.
Promovido pela We Don’t Have Time, uma plataforma de avaliação de soluções climáticas, o Estocolmo+50 Climate Hub reuniu especialistas e líderes globais para debater as principais movimentações em torno de questões como justiça climática, proteção ao meio ambiente e a corrida Net Zero.

Iniciamos hoje uma série de artigos sobre os os principais temas debatidos no Estocolmo+50 Climate Hub. Ao longo das próximas semanas, compartilharemos cases, exemplos de inovação e tendências que mostram como o poder privado pode fazer sua parte na construção de uma economia mais justa e sustentável. 

Para começar, apresentamos a seguir duas inovações que mostram como a indústria está se movimentando para neutralizar as emissões de carbono de suas operações. 

 O primeiro aço livre de combustíveis fósseis 

Estocolmo+50 – Inovações na corrida netzero
Foto: SSAB

A produção de ferro é uma atividade intensiva em uso de energia e emissões de gás carbônico (CO2). Inclusive, a Associação Internacional do Ferro estima que essa indústria seja responsável por entre 7 e 9% do total de emissões globais de carbono. A maior parte desse CO2 vem de métodos de produção movidos a carvão. 

Durante o Estocolmo+50 Climate Hub, a empresa sueca SSAB apresentou uma inovação que visa diminuir o impacto da produção de aço.

A SSAB desenvolveu uma tecnologia para que utiliza hidrogênio como combustível para a fabricação de aço em grande escala. Dessa maneira, a empresa se tornou a primeira metalúrgica do mundo a produzir um aço 100% livre de combustíveis fósseis.

Eva Petursson, SSAB
Eva Petursson
“Não há uma solução ‘bala de prata’, todos temos que contribuir.

Esperamos que essa nossa ação inspire outras empresas, mostrando que se tornar carbono zero não se trata apenas de atingir metas sustentáveis, mas que é algo vantajoso também do ponto de vista de negócio.

Se você não agir agora, não fará parte da corrida net zero – e, assim, não existirá no futuro.”


Eva Petursson, vice-presidente e diretora de Pesquisa e Inovação da SSAB, em palestra no Estocolmo+50 Climate Hub
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Reciclagem de fósforo – de resíduo a recurso

Estocolmo+50 – Inovações na corrida netzero
Foto: EasyMining

Outra inovação importante apresentada durante o Estocolmo+50 Climate Hub foi o processo de reciclagem de fósforo para uso na agricultura.

Fósforo é um nutriente fundamental na produção de alimentos. Contudo, atualmente, não é produzido e aproveitado de forma sustentável.

Hoje, a demanda por fósforo é suprida por adubos fosfatados, que são fabricados a partir da extração mineral e utilizando combustíveis fósseis. Além disso, os resíduos que esses elementos contêm não são reaproveitados. 

Acontece que os fertilizantes sintéticos poderiam ser substituídos pela utilização de fósforo reciclado. Além de tornar a produção desses nutrientes mais sustentável, esse é um processo que reaproveita resíduos muito ricos que atualmente são desperdiçados – é a economia circular em sua melhor forma.  

Durante o Estocolmo+50 Climate Hub, a empresa sueca EasyMining apresentou sua tecnologia de reciclagem de fósforo.

A EasyMining criou um processo inovador de reaproveitamento de fósforo a partir de cinzas de lodo de esgotos. Indo além, a empresa desenvolveu também um método para remoção e recuperação de nitrogênio em águas residuais.  

Sara Stiernström
“Se estamos falando sério sobre construir uma sociedade sustentável, precisamos reutilizar materiais. O fósforo é um macronutriente-chave para a segurança alimentar global. Sem ele, a produção da agricultura cairia pela metade. Porém, estamos dependentes de apenas algumas reservas de fósforo e da mineração, que tem uma grande pegada ecológica. 
Por outro lado, existe uma oportunidade que ainda não está sendo aproveitada: o fósforo pode ser recuperado do lodo de esgotos e podemos ter um suprimento infinito desse nutriente. 
Para se ter uma ideia, se utilizássemos nossa tecnologia em toda a Europa, poderíamos trazer de volta 270 mil toneladas de fósforo por ano – cerca de 25% da demanda de fósforo em fertilizantes minerais no continente.”

Sara Stiernström, diretora da área de Produtos na EasyMining, em palestra no Estocolmo+50 Climate Hub

Essas inovações provam que com vontade de fazer melhor e contando com o apoio da tecnologia, a transformação é possível!

Cobertura do evento Estocolmo+50 Climate Hub

*Este artigo faz parte da cobertura do Estocolmo+50 Climate Hub. Assine nossa newsletter para receber todas as atualizações.

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Imagens: We Don’t Have Time

Francine Pereira

Jornalista, especializada em criação de conteúdo digital. Há mais de 10 anos escrevo sobre tendências de consumo, inovação, tecnologia, empreendedorismo, marketing e vendas. Minha missão aqui no A Economia B é contar histórias de empresas que estão ajudando a transformar o mundo em um lugar mais justo, igualitário e sustentável.

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